domingo, 29 de julho de 2012

Conto da Vida real.

Em Conceição do Lago Açu.


Cidade de 15 mil habitantes a 346 quilômetros de São Luís, nos rincões do Maranhão, casar aos 16 anos é “casar tarde”, como   explica Tânia, enquanto indica as cadeiras de plástico num canto. 

Com a rede  e a tevê de 14 polegadas, elas completam a sala da casa de pau-a-pique   rachada pela pobreza e pelo tempo, onde ela vive com o marido e dois dos seis filhos, graças à pesca e aos 130 reais do Bolsa Família. 

Ela só sabe assinar   o nome. “Aqui, com 12 anos menina solteira é problema pruma mãe. Rapaz   de 20 quer nada sério, só droga e bagunça. 

A filha “começou” aos 12: foi estuprada. O namorado acabou na cadeia. O segundo batia nela. Separaram-se. Depois, ela “passou a esperar moleque na rua”. 

Até   que o comerciante surgiu na sua porta, chapéu de palha na mão, proposta na ponta da língua. “Foi uma bênção. Nós somos pobres. Eu tirava a sandália  do pé pra botar no dela. E já pensava que ela ia botar filho no mundo pra nós criar.” Quando a filha foi viver com Carlinhos, ela não estudava havia  dois anos, conta. 

Ele a devolveu à escola. 


“Errado? 


Quando ela andava   atrás de homem na rua, ninguém dizia nada. Agora que endireitou, se arrumou com o coroa, fazem denúncia? 


Não entendo.


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