A vida não é para ser entendida.

Muitas pessoas sofrem por pensarem que para tudo na vida deve haver uma explicação, que haverá sempre um elo entre todos os acontecimentos, que tudo deve fazer sentido.

Não sabem que a vida é para ser vivida, e não entendida. Viver supera qualquer prognóstico, qualquer razão.

Parafraseando Clarice Lispector, "viver ultrapassa qualquer entendimento".

Nem sempre a vida é cartesiana, retilínea. Aliás, quase nunca o é. Não dá para programar a nossa vida como se esta fosse uma ciência exata. Por mais que nos esforcemos para traçar o nosso caminho, ela vem e muda tudo.

Haverá sempre muitas surpresas em nossas vidas, imprevisíveis como um arco-íris em dia de chuva, mudando todo o nosso entender, as nossas crenças, as nossas expectativas, as nossas verdades, a nossa maneira de ver o mundo.

E quando tudo parecer calmo como um rio de águas serenas, eis que, quando você menos espera, algo de novo surge na sua vida, e faz com que você se sinta mais vivo, tira os seus pés do chão, como um novo amor, um sonho realizado, uma oportunidade inacreditável, portas que se abrem, sem que haja qualquer explicação para isso.

De repente, o desânimo desaparece. A apatia do suceder previsível dos dias cede lugar a um fogo pela vida, como se o nosso corpo queimasse em chamas, como se tivéssemos levado um soco no queixo.

É como se tivéssemos acabado de ganhar um novo coração. Passamos a nos sentir mais vivos, a notar que existe uma luz dentro de nós, que temos o poder de construir nossa própria felicidade, que somos, sim, senhores do nosso destino.

Mas não devemos viver querendo criar as condições ideais para que algo de novo surja para mudar a nossa vida. As melhores coisas da vida vêm quando menos esperamos.

Daí eu ser um apaixonado pela vida, um otimista incorrigível, um romântico das antigas, e, acima de tudo, um dedicado aprendiz do balé da vida.

Alex Murad

Advogado