PELO MENOS.

Dalva Cabral 

(Estudou no Colégio de Nossa Senhora dos Anjos e é Promotora de Justiça em Pernambuco)

Apenas para reflexão: 

Na semana passada, peguei quatro casos de abuso sexual contra criança e, para minha triste surpresa, dois perpetrados por pais biológicos. Ainda na semana passada, participei de um juri em que, covardemente; um irmão matou o outro com uma espingarda 12 e foi para um bar beber. 

Num primeiro julgamento, lamentavelmelmente, teve o crime desclassificado. O colega, brilhante profissional, recorreu e, por isso, voltou a juri, onde foi inevitável dizer aqueles representantes da sociedade, juízes de fato, que precisamos abolir essa perspectiva alienada do sentimento arraigado ao PELO MENOS. 

Um irmão matar o outro, se é que pode, afigura-se numa mais triste forma de morrer. 

As pessoas tem procedido, temerariamente, assim: Uma criança e estuprada, diz-se que pelo menos foi descoberto e foi pelo padrasto e não pelo pai; Uma pessoa e assaltada, ah, mas pelo menos, ficou viva. Fulano matou, pelo menos só tem um crime( como se nos fosse dado esse credito); o companheiro espancou a mulher... Pelo menos era o provedor da família e se arrependeu. 

Ora, a relevância do crime não sucumbe com esse absolutório PELO MENOS. O crime jamais se desvencilha do seu gerúndio, porque está sempre Doendo, Marcando, Ferindo e Destruindo. Acontece no presente e compromete todo um futuro. 

Precisamos ser mais rigidos com os nossos freios morais. O erro nao se afasta das suas consequencias e ninguém merece viver PELO MENOS; afinal, buscamos sempre mais. 

Aquele acusado foi devidamente condenado pelo homicidio doloso praticado e assim, PELO MENOS, acreditara numa Justica incidental e reta. 

Isso, mais que educativo, e imprescindivel a ordem publica e a paz social! 

Pensemos nisso!