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Advogado militante no Estado do Maranhão, formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Especializado em Administração Pública pela Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro. Presidente da OAB/MA - subsecção de Bacabal (2004-2009). Conselheiro Estadual da OAB/MA (2010-2012).

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

COMPORTAMENTO. Elas amam demais. Final.

A primeira parte foi publicada em 17 de novembro de 2011.

Por Ivan Martins.

Minha impressão, nada científica, é que há um tipo de personalidade comum a essas grandes histórias de sofrimento, sejam de homens ou de mulheres.


O traço mais marcante dessa personalidade sofredora é a dificuldade em estar só. Gente que passa em paz um domingo de chuva não entra em pânico porque o namorado foi embora. Quem sabe o prazer de ir sozinho ao cinema não desespera com a perspectiva de ficar sem namorada. Uma pessoa que já tenha viajado sozinha sabe que as férias – ou o feriado de Ano Novo – podem ser uma ótima ocasião para conhecer gente legal. Não estou dizendo que a solidão é gostosa ou desejável, muito menos no longo prazo. Só estou sublinhando que há pessoas para quem a simples perspectiva da solidão é totalmente intolerável – e são elas que se desesperaram quando um relacionamento chega ao fim. Qualquer relacionamento.


Outra marca registrada das mulheres (e homens) que sofrem demais é a dificuldade em enfrentar rupturas. São os patologicamente apegados, a qualquer coisa e a qualquer um. Uma vez que você tenha entrado no círculo de intimidade dessa mulher ou desse homem, sair será um problema. A maioria de nós cultiva a mesma dificuldade em algum grau. Acertada uma situação – namoro, casamento, trabalho, endereço – a gente deseja que ela permaneça. Deve ser preguiça, escrita nos nossos genes. Mas pode ser também medo do que é novo e desconhecido. Quando alguém vai embora, por pior que seja, abre um vazio – que é preenchido, instantaneamente, pela mais intensa ansiedade. O que virá depois? Quem virá depois? Para alguns, esse doloroso período de dúvidas deve ser insuportável.


O terceiro elemento da alma desesperada é a dificuldade em arrumar companhia. Há pessoas para quem isso é fácil e outras para quem não é. Não se trata apenas de aparência ou de charme. Conheço mulher chata que não é bonita e nunca está sozinha. E outras bonitas e legais que penam para achar um par. Vale o mesmo para os homens, imagino. O tipo de gente que tem facilidade para achar parceiros reage com mais calma diante das perdas afetivas. Elas sabem, mesmo na dor, que daqui a pouco vai pintar outra pessoa. Quem não tem essa segurança pode facilmente cair no desespero. E muitas vezes cai.


O que se faz com tudo isso? Pouco. Saber não adianta muito quando uma amiga está descendo ao fundo do poço ou quando nós mesmos nos sentimos arrastados a ele. Mas ajuda, eu acho, dizer a quem sofre além dos limites que isso não é bom e nem é natural. É bom dizer a quem está assim que ela ou ele precisa de ajuda. O luto por um grande amor é normal, o desespero por uma relação meia boca não é. Há que entender a diferença. Nada pior do que uma pessoa mergulhada em depressão com gente em volta achando sublime, cena de romance. “Ai, eu te entendo tanto, amiga. Amar demais é difícil!” Nada disso. Amar demais é bom. Não poder amar é que é ruim (e sobre isso eu escrevo na próxima semana). Mas esse sofrimento aí não tem a ver com amor. A dor de quem sofre demais precisa ser tratada para que uma paixão de verdade possa aparecer.

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