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Advogado militante no Estado do Maranhão, formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Especializado em Administração Pública pela Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro. Presidente da OAB/MA - subsecção de Bacabal (2004-2009). Conselheiro Estadual da OAB/MA (2010-2012).

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Entrevista com Reitor da Febac Neyderman Amorim








JORNAL O MEARIM (JM): Como analisa o último resultado do ENEM para sua escola (Batista)?
NEYDERMAN: Bom, como todo brasileiro que preza pela transparência, ficamos tristes por mais uma vez haver vazamento das questões. É lógico que todos lutamos e trabalhamos por melhores posições, e na Escola Batista não é diferente. Mas, em nenhuma hipótese aceitamos o uso de meios ilícitos para se alcançar os fins. Nossa escola trabalha o aluno como um todo, não somente para o ENEM. Levamos em consideração que cada um é cidadão do mundo, e para isso deve ser preparado, por isso além do conhecimento específico, ensinamos valores pessoais e profissionais como é o caso do curso em parceria com o SEBRAE sobre empreendedorismo, que faz parte de nossa estrutura curricular. Somos a primeira escola do Maranhão, talvez do Brasil a ter essa iniciativa. A cada ano estamos conseguindo melhorar com relação ao ENEM. Em 2009 nossa média foi 540 pontos. Em 2010 (média divulgada em 2011), ficamos com 593, apenas 7 pontos da média das nações desenvolvidas que é 600 pontos. Mas nosso ponto forte é o vestibular. Graças a Deus nossa média de aprovação é excelente.
JM: O senhor acredita que a educação particular é boa, ou no nosso caso brasileiro é apenas melhor comparada com tamanho descaso da pública, como cita especialistas em educação em entrevista a revista na revista Veja recentemente?
NEYDERMAN: Olha, isso é muito relativo. De forma geral não temos como avaliar precisamente isso, varia de instituição pra instituição. Pra mim, o conceito educar vai muito além do que tirar notas boas ou acumular conhecimento. Tem haver com formação de pessoas, bons conceitos, respeito ao próximo, fazer bom uso do conhecimento adquirido, entende? Pois podemos ter o maior conhecimento do mundo e usar para o mal, isso não é educação. Nossa sociedade carece cada vez mais de uma boa educação. Adquirir conhecimento é fácil, existem inúmeros meios de se conseguir. Não creio que o ensino público seja ruim por si só. Existem excelentes exemplos no ensino público vindo de escolas comprometidas, professores capazes e alunos esforçados. A verdadeira educação, não tem fronteira, não tem classe social, não tem bandeira. Depende do indivíduo, como tudo na vida. Cada um tem que se esforçar utilizar bem o conhecimento que adquire não importa onde ele esteja.
JM: Como o senhor ver os novos profissionais formados nas primeiras turmas da FEBAC?
NEYDERMAN: Como uma grande vitória, nossa e deles com certeza. Foi um início cheio de dificuldades, incertezas e medos. Mas cada um teve o cuidado de perseverar, e isso fez uma grande diferença. Hoje quando encontro alguns deles, fico muito feliz, pois são pessoas transformadas e que estão inseridos no mercado de trabalho, contribuindo para uma sociedade melhor. Esse é o objetivo proposto pela FEBAC. E para muitos que não acreditaram na FEBAC, eles são nossa melhor resposta.
JM: Quais propósitos têm suas empresas educacionais em Bacabal?
NEYDERMAN: Transformar!!!! A educação é a grande geradora de transformação. O bom conhecimento é capaz de transformar até a mais vil cultura. O nosso desejo sempre foi transformar Bacabal em um polo de educação, para que as pessoas venham para nossa cidade estudar e buscar uma boa formação. Hoje temos pessoas de várias cidades vindo para nossa Instituição de Ensino Superior - IES, até mesmo de outros estados, e isso é muito bom, pois gera renda em todas os ramos da sociedade. Hoje a empresa que mais traz pessoas para nossa cidade, sem dúvida, é a FEBAC. E para que isso se torne mais evidente, temos trabalhado para torná–la um centro de excelência. A equação é complexa, mexe-se com muitas variáveis, é bem mais que ter uma empresa organizada e funcionando. Tem situação, por exemplo, que nossa cidade ainda é muito carente, como no caso de ter um quadro forte de professores doutores. Se quisermos melhorar, temos que investir e trazer esses profissionais de fora, e isso tem um custo muito alto para nós. Porém, o resultado é positivo para todo mundo, inclusive para Bacabal.
JM: O que considera fundamental na melhoria da sociedade de Bacabal como administrador e educador visionário que todos sabem que é?
NEYDERMAN: Alguns poderiam dizer que melhorando a renda das pessoas se tem uma sociedade melhor. Não creio nisso. Como já disse, a boa educação é o caminho sem dúvida para uma sociedade melhor. A Bíblia nos ensina que o conhecimento liberta, e uma sociedade livre é capaz de boas escolhas. Sem essa liberdade intelectual, nem dinheiro na mão é capaz de gerar melhorias nas pessoas. Tenho vários exemplos aqui em nossa cidade de pessoas que passam a semana trabalhando, ganham dinheiro no sábado, e que na segunda já estão sem dinheiro. Porquê? Porque a barreira do conhecimento faz com que as pessoas hajam por instinto, e não por razão. Se o desejo de sair com os “amigos” para uma farra for maior do que a razão, ele vai e gasta tudo. Recentemente conversando com um amigo empresário, ele comentava que tem um funcionário muito bom na produção, mas que estava para perdê-lo em decorrência do descontrole. Pois ele era capaz de gastar tudo que ganhava nas festas e não levava nada para casa. Ou seja, seu problema não é financeiro, mas falta um conhecimento capaz de gerar uma atitude, que o possibilite ver que o bem estar de sua família é mais importante que uma farra com os amigos. Assim, ele vai continuar a fazer isso sempre que tiver oportunidade. Temos que gerar uma expectativa diferente nas pessoas, assim, com uma nova motivação dentro de seu coração, cada um vai poder dar o seu melhor para sua família e sua cidade. Li recentemente num livro, a história de um rei que queria que a cidade do seu reino fosse rica. E como fazer isso? Ele entendeu que para a cidade ser rica, seu povo precisava ser rico. O que ele fez? Chamou o homem mais rico da cidade para ensinar a um grupo de pessoas como ganhar dinheiro. Como fazer para gerar e manter uma renda. Ganhar dinheiro é uma coisa, fazer ele se manter e gerar novas rendas é outra co isa que precisamos aprender a cada dia.
JM: Já pensou em seguir carreira política partidária?
NEYDERMAN: Já pensei sim. Uma vez quase me convenceram. Mas fui analisar com mais calma e vi que não é a melhor coisa para se fazer no momento. Nossa empresa, graças a Deus tem crescido, e ela precisa muito de toda ajuda. É fundamental nossa equipe está unida em prol do fortalecimento, para poder proporcionar toda expectativa e necessidade que ela precisa. As coisas acontecem muito rápido numa IES, pois a cada semestre tudo muda. Nossos projetos são reformulados a cada seis meses, é muita informação sendo processada a todo momento. Faculdade não é como uma empresa comum. Educação é um bem público, não é nossa. Temos que estar nos adequando a todo instante as mudanças que são muitas. Para ingressar na carreira política, precisa se organizar. Não basta só ganhar a prefeitura, mas sim saber o que vai se fazer com ela. Precisa preparar um projeto e uma equipe técnica capaz de desenvolver as ações. Sair do discurso para a prática. Como se diz: “falar é fácil, fazer é outra coisa”. Tem que estudar qual partido, pois se fizer muita aliança, você ganha a política, mas não consegui governar a cidade. Isso são coisas que tem que ser analisadas com calma. Tudo tem o seu tempo. Se for de Deus vamos, se não for, fico quietinho.
JM: Qual é o diferencial educacional hoje para o senhor em suas empresas?
NEYDERMAN: Qualidade!!! Parece simples a resposta, mas não é. Principalmente em se tradando de educação. Travamos constantes lutas para não perder nosso foco. Recentemente para nos adequar as novas resoluções do MEC que com o objetivo de padronizar a hora aula do ensino superior, definiu que hora aula são 60 minutos. Pois, anteriormente havia conflitos entre horários de aula de 45, 50 ou 60 minutos. Para isso estabelecemos o horário de início e fim das aulas conforme instrução do MEC, e a tolerância para atraso sem falta é de 15 minutos. Bom, alguns não gostaram e foram reclamar, ameaçando até deixar a faculdade. Então o que fazer? Perde-se aluno ou perde-se a qualidade? Na verdade, faculdade é para quem pode cursar, e não para quem quer, achando que podem levar um curso superior de qualquer jeito. Parece duro o discurso, mas não é. Qualidade não se negocia, não dá pra baixar o nível , somos cobrado e avaliado nesse contexto. Não podemos brincar de fazer educação. Como disse, educação é um bem público, não é nosso. Somos autorizados a trabalhar se demonstrarmos qualidade e compromisso com isso. Temos uma responsabilidade muito grande de enviar para o mercado de trabalho pessoas formadas, detentoras de conhecimento, diplomadas. E não podem sair de qualquer jeito. Isso não. Transparência gera confiabilidade. Embora pareçamos duro nas decisões, mas isso gera confiança.
JM: Que sonho o senhor tem diante do que faz?
NEYDERMAN: Não só meu, mas de toda a diretoria da FEBAC, professores, corpo técnico e alunos. Queremos ser um Centro de Excelência nessa área. Para tanto temos um projeto traçado para os próximos cinco anos que contempla uma série de ações que vai possibilitar a realização desse sonho, como novos cursos, nova sede, investimento pesado em qualificação de nosso pessoal, etc. É um longo caminho, mas cremos que já demos os primeiros passos, e com a GRAÇA DE DEUS, vamos chegar lá.
JM: Qual sua opinião sobre o último ENADE, e a qualidade do ensino superior?
NEYDERMAN: O ENADE é uma boa ferramenta de avaliar a educação superior, como foi bem colocado pela revista Veja número 158. Mas esse não é o termômetro oficial do MEC, é só mais uma das inúmeras variáveis que gera o IGC (Índice Geral de Cursos). Este é o índice que o governo usa para medir a qualidade geral das IES. Existe faculdade que teve um excelente desempenho no ENADE , e não se saiu bem no IGC. Neste é levado em conta além do ENADE, os conceitos preliminares dos cursos (CPC) e conceitos da CAPES. Os ciclos avaliativos do ENADE são ciclos em média com 3 anos, com avaliação de cursos de área afim. Em 2010, foram avaliados em todo Brasil cursos da área da saúde. Os resultados são pontuados e distribuídos em conceitos de 1 a 5, ou SC (sem conceito), como foi o caso da FEBAC. Isso não quer dizer que seja um conceito ruim. Sem conceito porque para gerar a nota, é preciso que a avaliação contemple os alunos que estão iniciando, e os que estão saindo. Neste caso, as IES que estão SC na avaliação do ENADE são porque não tiveram alunos concluintes avaliados, e mantêm-se as notas destes cursos (CPC´s) as mesmas dos processos avaliativos de reconhecimento, que no nosso caso foi nota 4 para Enfermagem e Administração. Mas o IGC, que gera o Ranking das IES no Brasil, mede em termos a qualidade das Faculdades, Centro Universitários e Universidades. Digo em termos, porque, a mesma equação que é usado para avaliar uma Universidade num grande centro, em uma realidade e estrutura totalmente diferente, é avaliada também uma faculdade no interior do Maranhão, como é o nosso caso. As realidades são diferentes, pois como podemos ter uma estrutura de docentes doutores, nos mesmos percentuais de uma Universidade? Agora, de forma geral, os medidores ajudam as instituições buscar melhoras a cada dia. Pois quando existem cobranças e metas, fica melhor para se trabalhar.

Matéria por: Dayane de Jesus

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