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Advogado militante no Estado do Maranhão, formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Especializado em Administração Pública pela Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro. Presidente da OAB/MA - subsecção de Bacabal (2004-2009). Conselheiro Estadual da OAB/MA (2010-2012).

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domingo, 30 de outubro de 2011

CINEMA NACIONAL.



Um forte encantamento toma conta da plateia assim que as primeiras imagens e os primeiros sons de O Palhaço invadem a tela e as caixas acústicas do cinema. Da cena inicial aos créditos finais, o filme é uma preciosidade. Além de dirigir o filme, Selton Mello faz o papel de Benjamin, mais conhecido como o palhaço Pangaré de um circo mambembe significativamente batizado de “Esperança”. Ou seja, tanto na tela como na vida real, além de carregar o difícil fardo de fazer rir, Selton/Benjamin/Pangaré também administra o negócio. Que, nesta ficção, passa de pai para filho. Um pai também palhaço, vivido por Paulo José, numa interpretação que deveria ser assistida de joelhos por todos os presentes.

Pangaré é um palhaço estressado. Não apenas não se sente à vontade no picadeiro como também não consegue tirar da cabeça as reivindicações de sua trupe, tais como um ventilador e um sutiã tamanho gigante. Seu incômodo com a vida gera no filme um humor arrebatadoramente cruel, refinado, sarcástico, e não raramente nosense. Um jeito de fazer rir e pensar que remete às comédias sociais do leste europeu. É isso: O Palhaço tem ares de cinema romeno. Mas com afetividade brasileira.

Tudo no filme é caprichado. A direção de arte cria com talento o clima ao mesmo tempo onírico e despojado do pequeno circo que perambula por um Brasil empoeirado. A fotografia dá tons pastéis amarelado à trama, enquanto a trilha une escancarados sopros com ares de banda a divertidas canções bregas dos anos 70, época em que a ação de se situa. De quebra, proporciona ao ator/cantor Moacyr Franco, no ano que completará 75 anos, a melhor interpretação de sua carreira, aplaudida em cena aberta quando o filme foi exibido no Festival de Paulínia. Foi a estreia de Moacyr no cinema.

Antes da exibição neste mesmo Festival, Selton Mello havia dito no palco do evento que esperava que a delicadeza de  O Palhaço se espalhasse por todos os presentes, “como uma coceira”, em suas palavras. A julgar pela qualidade do filme, o Brasil todo irá se coçar com esta estreia.

Por Celso Sabadin para o Cineclick

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